Silêncio…

As vezes, é necessário um certo isolamento.

O silêncio se faz importante para que a cabeça se organize e as ideias possam ficar menos turvas. Não se purifica água turbulenta.

Mas não é só o agito da cidade, seus sons e suas exigências que podem causar uma constrangedora confusão mental.

É também – e para mim é especialmente pesado – o zum-zum-zum do antagonista desmedido, que tem seu olhar completamente crispado por uma espécie de raiva ancestral e que não pauta as criticas que faz pela ideia cosmopolita de bem-estar coletivo. Mesmo sem afirmar claramente, esse antagonista é do time do “quanto pior, melhor”, ou “o seu é pior do que o meu, mesmo que o meu seja ruim”.

A maleabilidade que por muito tempo foi símbolo do brasileiro (para o bem e para o mal) tem perdido sua força de tradutora de uma ética/estética do povo daqui. Tem ganhado espaço nos olhos, nas mentes e nos corações o griteiro de um neo-conservadorismo tacanho, agarrado a modelos antigos, enviesados e parcialistas.

E isso é muito cansativo. Muito debilitante.

O debate é bom, mas discutir com algumas pessoas parece como tentar mover um muro de lugar apenas falando com ele: por mais coerente seja seu discurso, você sempre sairá com o título de louco, pouco razoável e, por fim, o muro seguirá no seu lugar inicial, fazendo aquilo que sempre fez…

Ficar em silencio não é ignorar ou concordar com aquilo que está errado. As vezes é apenas o esforço tentar entender e refletir o que se deve fazer para melhorar – e o que é “melhorar”, de fato, enquanto conceito e baliza de ação. Do mesmo modo, gritar aos 4 ventos que quem veste a camisa dessa ou daquela cor está errado por isso, por aquilo e pelos outros motivos não prova que você é esclarecido e quer o melhor para a comunidade. Só mostra que aqueles que usam esse ou aquele símbolo não fazem parte do seu “grupo”, que – no pensamento de quem grita – é melhor do que quem aí está.

Zizek fala para tomarmos cuidado com o “ativismo desmedido”, e que devemos agora pensar, refletir. Por fim: O que se quer de fato…

Eu (acho) sei o que quero…

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