Apresentando a cidade para o mundo: o batismo cultural de Goiânia

Podemos dizer que Goiânia é uma cidade impar entra as cidades projetadas do Brasil. Se Palmas, Brasília e Belo Horizonte tiveram no lançamento da pedra fundamental os marcos de sua implantação, Goiânia possui três grandes marcos: o lançamento da pedra fundamental em 24 de outubro de 1933, a transferência dos órgãos públicos, finalizada pelo decreto de 23 de março de 1937 e, talvez a mais importante das datas, o “Batismo Cultural” em 5 de julho de 1942.

 Isso se fez necessário para corroborar a imagem de modernidade que se buscava imprimir com a própria cidade. Goiás era visto como um território longinquo, isolado e, consequentemente para a elite do litoral brasileiro, sem cultura. Desde dos anos 1910, com a revista Informação Goyana, ações objetivas de propaganda, como a divulgação da missão Cruls e de expedições científicas além de, nos anos 1940, com a Revista Oeste, a elite política e cultural do estado tentava desfazer a imagem negativa que se tinha das terras e da sociedade goiana.

Goiânia era a materialização de uma modernidade que buscou trazer os “mais novos e atuais conceitos de urbanização e civilidade” para o planalto central

Se Goiânia era a materialização desse pensamento, com uma modernidade que buscou trazer os “mais novos e atuais conceitos de urbanização e civilidade” para o planalto central, ainda faltava um “evento” que pudesse dar à essa nova sociedade um verniz “intelectual” poderoso, que pudesse colocá-la ombro a ombro com os maiores centros de então do país.

Cine teatro Goiânia

Assim, foram organizadas diversas celebrações, shows, bailes, recepções e exposições para marcar esse “nascimento de uma nova sociedade goiana moderna”, mesmo que mostrando traços de uma cultura mais tradicional, como o catira, a rancheira e outras danças rurais ou peças artísticas dos povos originários da região. O interventor Pedro Ludovico recebeu diversas autoridades para uma série de apresentações no “Cine Teatro Goiânia”, o grande espaço cultural inaugurado justamente nessa ocasião para “apresentar”a cidade recém instalada para o resto do país. Também tiveram lugar em Goiânia nesse período o  8º Congresso Brasileiro de Educação e a Assembleia-Geral do Conselho Nacional de Geografia e do Conselho Nacional de Estatística, órgãos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), assim como a  Exposição Cultural e Produtos Econômicos do Estado de Goiás, que teve lugar na Escola Técnica que hoje é o Instituto Federal de Goiás, próximo ao Parque Mutirama.

Colégio técnico, hoje Instituto Federal de Goiás

Os festejos, que duraram do dia 1º até 11 daquele mês, acabaram marcando não só a cidade, com marcos físicos que ainda hoje estão bem presentes na paisagem goianiense como também construíram a imagem da cidade para o resto do país, reforçando o seu papel de “ponta de lança” do movimento da Marcha para Oeste promovida pelo governo Vargas, mesmo ela sendo anterior aos esforços do governo federal nesse sentido.

Goiânia foi ponta de lança” da Marcha para Oeste de Vargas, mesmo sendo anterior aos esforços do governo federal nesse sentido.

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