Significados…

OIá a todos…

Iria escrever sobre a questão do 20 de novembro, a idéia de sua importação e coisa e tal. Mas acho que é muito mais interessante duas outras informações que me parecem frutos de uma luta – não só dos negros, mas de todo um grupo de "alijados" de mais amplas oportunidades – que frutificou inicialmente com a reverencia ao dia de Zumbi de Palmares e depois com as "ações afirmativas" (Ações que acho limitadas, mas muito importantes na verdade)
Saiu uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) que aponta uma ampliação da população negra no país. Antes que os mais "reaças" digam que estamos sofrendo uma invasão africana ou que devemos "oferecer planejamento familiar" (traduzindo em muidos: laqueadura não consentida), devemos entender o que significa esse dado. As pessoas parecem que estão perdendo a vergonha de se dizer, sentir e pensar como sendo negros. Deixou-se (ou pelo menos diminuiu) a impressão de ser negro era, fatalmente, ser pobre, presidiário e fracassado. Uma série de movimentos, como a divulgação de negros bem sucessidos fora do meio artistico ou esportivo (como juízes, militares, profissionais liberais etc) e a criação ficcional na televisão (afinal, hoje se você quer criar um modelo de conduta, coloque alguns personagens dentro dos padrões desejados em uma série considerável de novelas) garante o enraizamento da idéia de que a ascensão social e o acesso a um nível (alto) de consumo e bem-estar não depende da cor da pele e, portanto, se declarar negro não o colocaria irremediavelmente dentro de padrões mas procurados pela polícia e pelos esquadrões da morte do que pelas agências de emprego.
Outro dado, na verdade uma lei, tem tramitado e causado uma certa discussão: Cotas para alunos de escolas públicas. A idéia é mexer com 50% das vagas. Parece muito, mas a discussão é muito ampla e complicada. Ficarei – por ora – apenas na ponta do iceberg: a cota citada seria dividia entre grupos raciais (negros e índios) e alunos oriundos da escola pública (e pobres, pois você deverá comprovar que a sua família recebe salário médio de 1 e meio mínimo por pessoa. Numa famíla de 4 pessoas isso é igual a R$1800,00 por mês, mais ou menos). Bom, muito justo oferecer essa proteção para que muitos dos que precisam de escolas públicas se beneficiem disso – e possam depois oferecer uma melhoria para o próprio grupo do qual foi oriundo. Agora, dirão os "reaças", cadê a igualdade de direitos (ou isonomia)? Pois a Constituição garante "tratamente desigual aos desiguais". Parece estranho, não é? mas veja só: 1 em cada 4 alunos dos ensinos médio e fundamental está em escola particular. Essa proporção inverte-se quando olhamos a universidade pública (3 em cada 4). A lei ainda separa 50% das vagas para uma concorrência ampla. Sei que é estranho, mas maior que o racismo no Brasil, só mesmo a discriminação econômica (o grande nó é que a maior parte dos negros no Brasil também é pobre).
Com iniciativas como essa, podemos imaginar algumas mudanças para duas ou três gerações. Lembre-se que Barack Obana é fruto das lutas ocorridas capitaneadas por Martin Luther King na década de 1960.
Essa é uma discussão boa, que quero poder comentar mais… espero ter interlocutores.
Abraços

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1 comentário

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Tânia N.

Estamos aqui!rs!

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