Calma lá, novinho… você ainda vai pra detenção!
A maioridade penal foi mantida, por pouquinhos votos. O primeiro-ministro (aka Eduardo Cunha) não gostou e junto com o PRI-Br (aka PMDB) e a bancada BBB (Bala-Bola-Bíblia) vai – de novo – tentar dar um nó nas regras do parlamento para votar o texto até que fique do jeitinho que eles querem.
Conservadores – iludidos, talvez – comemoram: “esse é o papel do congressista!” [acho que talvez eles querem dizer que o congressista tem o papel de “fazer o que eu/ele/patrocinadores quer(em), mesmo que tenha que chegar as raias do golpe pra conseguir o intento”].
Mas pra conseguir votar de novo, terão que fazer a mesma manobra que permitiu manter o financiamento empresarial de campanha (lembremos que políticos das mais diversas cores tem sido acusados de “legislar em causa de seus financiadores”, como o próprio primeiro-ministro): uma emenda que junta todas as outras do mesmo assunto e modifica o que o relator definiu (é… o fluxo de processo do nosso legislativo é bem complicadinho). A modificação para eles votarem de novo a “redução da maioridade penal” parece que será tirar um dos crimes da lista dos que fazem o indivíduo responder perante a justiça como um “di maior”: tráfico de drogas…
A contradição do discurso (ou sua lógica, se considerarmos a ideia de “mudar para manter tudo como está”) é que o tráfico de drogas é apontado como um dos principais aliciadores de menores para o mundo do crime e que seria essa a porta de entrada para todo uma rede de práticas que iriam do furto simples ao assassinato mais cruel. Se aqueles que propõem a mudança e seus apoiadores da sociedade civil mantiverem alguma coerência no seu discurso publicizado pelos mais diversos meios, perceberão que tal mudança garante um mise-en-scène vergonhoso.
Por outro lado, tal mudança garantiria a manutenção de uma engrenagem muito bem azeitada, que mantém um discurso bastante eloquente e que possui um eco tremendo entre as gentes de que a violência está descontrolada, as drogas tomaram conta de todos os espaços, o legislativo não faz nada etc, etc… garante também a manutenção da resposta simples e padronizada para qualquer crime sem uma solução (ou que se quer resolvido celeremente): “é acerto de drogas” ou “são questões do tráfico” e oferece horizontes bastante promissores para os setores que lidam com o nosso medo cotidiano: segurança privada, blindagem e, uma nova área, que pode crescer enormemente ainda, a administração privada de presídios…
Pena que os conservadores não percebam que existem formas – a longo prazo – muito mais eficientes e baratas de combater a violência, e não passam por construções de mais e mais “Unicrimes”, como as que se vê dando boas vindas aos viajantes que chegam à maior cidade do país. Enquanto isso, as gralhas que ganham (muito) dinheiro e status com o terror nosso de cada dia continuarão com seus gritos agourentos nas mais diversas plataformas e palanques, usando de signos como o revolver, o cassetete e a algema como lema e proposta (?) de ação social e política.
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